quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Nariz eletrônico

Projeto de cooperação envolvendo pesquisadores brasileiros e cubanos deve resultar em robô capaz de identificar os mais diversos cheiros. Mecanismo poderá ser usado para detectar a presença de gases tóxicos, explosivos ou pessoas presas sob escombros
Gisela Cabral escreve para o "Correio Braziliense":

Um robô preparado para identificar odores de gases tóxicos, entorpecentes, explosivos e até pessoas em locais de difícil acesso. Se depender de um estudo desenvolvido por pesquisadores brasileiros e cubanos, essas serão algumas das aplicações de uma plataforma robótica móvel, dotada de narizes eletrônicos previamente treinados para a detecção de substâncias específicas.

Fruto de um intercâmbio que terá início até o fim do ano, o projeto busca a construção de um protótipo inédito no país, além da troca de informações e a capacitação de profissionais nos dois países. Enquanto o Brasil dará sua contribuição na área de robótica, Cuba fornecerá conhecimentos sobre interfaces eletrônicas e instrumentação virtual para sensores físicos e químicos.

Narizes e línguas eletrônicas programadas para identificar substâncias têm sido amplamente utilizados não só em pesquisas, mas também na indústria, em especial na de alimentos. Porém, segundo a proposta dos cientistas, o desenvolvimento de um robô que sente cheiros é bem mais complexo, pois envolve técnicas de navegação, localização e controle, combinadas com o sensoriamento e a instrumentação.

"O grande diferencial é aplicar os narizes eletrônicos em um protótipo móvel. É preciso muito estudo", explica o professor titular da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e responsável pelo estudo, Alejandro Ramirez.

Esses sensores devem ser previamente treinados para a identificação de cheiros. A partir daí, é formado um padrão para cada uma dessas substâncias, que ficam armazenadas na memória da máquina. "É mais ou menos como acontece com o ser humano. Porém, é claro que o nosso cérebro consegue ser treinado numa velocidade maior e com um número infindável de substâncias novas", explica ele.

A utilização do robô no meio ambiente tem sido uma das propostas mais discutidas pelos cientistas, entre eles, os coordenadores do projeto, os professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Edson de Pieri, e da Universidade de Havana (Cuba), José Antonio Pérez. O projeto terá dois anos para ser concluído. O custeio de atividades correntes para a equipe brasileira será de R$ 10 mil por ano, financiados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior.

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