Economista confirma e explica a bolha imobiliária brasileira
“Diversos antecedentes indicam que há bolha imobiliária no Brasil”
A formação ou não de uma bolha imobiliária no Brasil foi um dos assuntos mais debatidos durante o ano. A preocupação estimulou comparações com o que ocorreu em países como Estados Unidos e Espanha, onde a bolha estourou (vídeo explicativo disponível no blog). Em um curso ministrado no Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon), o doutor em economia Luciano D´Agostini citou exemplos de como se forma a bolha e suas consequências.
Para ele, há bolha imobiliária no Brasil por diversos antecedentes, um deles a melhoria da renda da população. “Mais de 30 milhões de brasileiros saíram da linha de pobreza e entraram na classe de consumo, mas houve um espírito de consumo bem maior do que de poupança. Isso auxiliou o mercado imobiliário a inflar os preços, porque o público comprou o imóvel com um custo elevado de financiamento. Ao longo de oito anos os juros caíram, mas ainda são muito elevados”, disse. Ele destacou, ainda, política monetária e taxas de juros. Confira o que mais D´Agostini falou sobre o atual cenário nos principais trechos da entrevista.
Que comparação o senhor faz do cenário brasileiro com países como Estados Unidos e Espanha, que experimentam a crise no setor?
A percepção é a mesma. Os sintomas são os mesmos. O endividamento das famílias sobre a renda é um excelente indicador. Enquanto existe crédito na economia, retroalimenta o sistema de preços. Ao secar o crédito, com o endividamento das famílias sobre a renda, as chances de uma correção para baixo nos preços e/ou aumento dos salários na economia são enormes. Descartada a segunda opção (aumento dos salários), sobra a queda de preços dos imóveis. Vale lembrar que estouros de bolha imobiliária no Japão (1991), Estados Unidos em 2008 e países europeus em 2009 a 2011, tiveram um pouco antes de seus estouros de preços dos imóveis uma taxa de desemprego em seu país muito baixa. No Brasil temos baixo nível de desemprego (é recorde no regime de metas) e a grande sacada é “como o governo manterá a taxa de desemprego baixa nos próximos anos” com a falta de dinamismo da indústria, um dos motores do crescimento real da economia. Programas sociais, por si só, não resolvem. Deve haver crescimento econômico com desenvolvimento.
Como o consumidor pode entender se há ou não bolha imobiliária?
Normalmente ele é o último a entender o processo. A percepção é de que o preço dos imóveis sobe muito e os salários não acompanham o ritmo. No primeiro momento, as pessoas sofrem de ilusão monetária e euforia, contribuindo para a alta dos preços. No segundo, quando o endividamento sobre a renda aumenta, que é o caso atual, as pessoas começam a se dar conta de que entraram na “casa errada” e no “momento errado”. Também quando muitas pessoas fazem comentários com amigos e familiares sobre o assunto é indício de que existe distorção. Quanto mais pessoas falam do processo é porque a preocupação é maior e também é um bom “indicador” da situação.
http://www.gazetadopovo.com.br/imobiliario/conteudo.phtml?tl=1&id=1205390&tit=Diversos-antecedentes-indicam-que-ha-bolha-imobiliaria-no-Brasil
Fonte: http://www.observadordomercado.blogspot.com/